sábado, 14 de março de 2009

Da roda da capoeira à live art: espaços de transformações criativas interculturais


* Transformação e re-significação de gestos, ações e padrões de movimento que compõem o universo ritualístico da capoeira, podendo desencadear como conseqüência a investigação de princípios mais sutis e constituintes do jogo da capoeira.

* O entrecruzamento destas corporeidades torna-se, através de uma pesquisa interdisciplinar (música, dança e performance) instrumento criativo da performance em arte e/ou participante do rito folclórico.


"Quando o espaço urbano torna-se espaço cênico, questiona e incita uma reflexão sobre os valores dos espaços. Assim também, a arte contemporânea, explorando a noção de performance, aproxima os atores sociais do próprio espaço onde transitam, onde habitam. Aproxima as esferas social e estética, vida e arte como um modo de posicionamento diante da realidade contemporânea complexa, multifacetada cuja dimensão de transitoriedade desafia-nos à compreensão das noções de identidade, memória e planejamento e do que venha a ser o 'lugar contemporâneo' ". (ZONNO, 2007)

Capoeira + Live Art

O ritual artístico contemporâneo promove uma abertura existencial para o performer, que recria seu corpo paralelamente ao corpo cotidiano, abrindo uma linha de fuga. A sobreposição do corpo multiplicado ao corpo-cotidiano é um meio de criar, não somente um modo operador do espetáculo artístico, mas também uma transição psicofísica, uma modulação da subjetividade. Neste sentido, o fazer artístico não produz somente um resultado estético, mas a própria passagem de limiar subjetivo do indivíduo ou coletivo, que migra de uma posição do saber à outra. Aproximar o processo artístico do ritual significa, pois, redimensionar o corpo, relevando o próprio processo de subjetivação inerente. Significa trabalhar no campo das mitologias individuais e coletivas, significa aproveitar o movimento da própria vida - as sincronicidades, as problemáticas, as crises; fazendo deste movimento o objeto da criação. No ritual o corpo quer fluir, deixar de lado o ser imutável para migrar. Neste sentido, não existe uma “arte exclusiva” ou um “corpo neutro”; estamos sempre buscando a transformação dos estados atuais, buscando adequar o saber às novas situações. Os códigos são formas de estabelecer permanência, mas os fluxos estão numa constante transformação. Os rituais são responsáveis por encaminhar estas passagens para indivíduos e coletivos. (Nespoli,2007)