sábado, 14 de março de 2009

Capoeira + Live Art

O ritual artístico contemporâneo promove uma abertura existencial para o performer, que recria seu corpo paralelamente ao corpo cotidiano, abrindo uma linha de fuga. A sobreposição do corpo multiplicado ao corpo-cotidiano é um meio de criar, não somente um modo operador do espetáculo artístico, mas também uma transição psicofísica, uma modulação da subjetividade. Neste sentido, o fazer artístico não produz somente um resultado estético, mas a própria passagem de limiar subjetivo do indivíduo ou coletivo, que migra de uma posição do saber à outra. Aproximar o processo artístico do ritual significa, pois, redimensionar o corpo, relevando o próprio processo de subjetivação inerente. Significa trabalhar no campo das mitologias individuais e coletivas, significa aproveitar o movimento da própria vida - as sincronicidades, as problemáticas, as crises; fazendo deste movimento o objeto da criação. No ritual o corpo quer fluir, deixar de lado o ser imutável para migrar. Neste sentido, não existe uma “arte exclusiva” ou um “corpo neutro”; estamos sempre buscando a transformação dos estados atuais, buscando adequar o saber às novas situações. Os códigos são formas de estabelecer permanência, mas os fluxos estão numa constante transformação. Os rituais são responsáveis por encaminhar estas passagens para indivíduos e coletivos. (Nespoli,2007)

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